Quarto árbitro se contradiz, mas juízes voltam a negar interferência externa na final do Paulistão

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Durou exatas oito horas e dez minutos a coleta de depoimentos da equipe de arbitragem do segundo jogo da final do Campeonato Paulista entre Palmeiras Corinthians. A sessão realizada na sede do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), na Zona Oeste de São Paulo, ocorre a pedido do clube alviverde, que desconfia que houve interferência externa na arbitragem do clássico.

A sessão foi conduzida pelo auditor Marcelo Monteiro sob a presença de dois advogados representando o Palmeiras e outros dois pela Federação Paulista, que participou da audiência como terceira interessada. Não havia representantes do Corinthians.
O lance responsável pela abertura do inquérito ocorreu aos 26 minutos do segundo tempo do clássico que decidiu o Estadual. O volante Ralf derrubou o atacante Dudu na área do Corinthians. O árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza marcou pênalti, mas voltou atrás depois de ouvir relato do quarto árbitro, Adriano de Assis Miranda, após mais de dois minutos de jogo parado.
Neste sentido, o depoimento que mais chamou à atenção foi o do quarto árbitro. Bastante nervoso, ele chegou a ter a conduta questionada pelo auditor por apresentar algumas contradições sobre os procedimentos adotados antes e durante a final.
Primeiro afirmou que, no momento do choque entre Ralf e Dudu, foi ele quem avisou o árbitro dizendo "canto, canto, canto". Assim, três vezes. Mas, devido ao barulho no estádio e ao protesto dos jogadores, disse que Marcelo não o conseguiu ouvir.
Foi preciso quase três minutos para que ele conseguisse se aproximar de Marcelo para, pessoalmente, afirmar que foi escanteio e não pênalti. "Eu disse para ele 'Foi na bola, mas a decisão é sua'", explicou durante o depoimento.
No mesmo depoimento, Adriano disse que o banco de reservas do Corinthians ouviu ele falar "canto, canto, canto" e foi cobrá-lo. Ele afirmou recordar que o volante Gabriel era um dos presentes. Questionado se a reação do jogador poderia ter influenciado a arbitragem, negou contato com o corintiano. Em seguida, disse que apenas podia afirmar que foi cobrado pelo volante.
Depois descreveu que durante o tumulto foi pressionado, que algum jogador do Palmeiras tentou passar a perna nele enquanto ele estava de costas, chamando o ato de agressão. Ao ser questionado porque não relatou essa agressão na súmula, disse que não conseguiu identificar o autor. Diante da insistência da omissão da informação na súmula acrescentou que não viu o ocorrido como agressão ou ato hostil.
Por fim, relatou que, após o árbitro anunciar que não ocorreu o pênalti e que o Palmeiras deveria cobrar escanteio, o "camisa 7 do Palmeiras [Dudu] jogou a bola no meio peito e disse 'Olha a porra que você fez'".
Questionado por que não relatou essa agressão na súmula, Adriano disse que não viu o ocorrido como agressão e se corrigiu. Disse que "Dudu colocou a bola no meu peito".
O árbitro Marcelo Aparecido, que depôs depois de Adriano, mostrou-se surpreso com esses três fatos e disse que o quarto árbitro não o comunicou para que fossem registrado na súmula após o clássico.
O depoimento do próprio Marcelo Aparecido foi coerente com as declarações que ele fez após a final, inclusive para a ESPN Brasil. Manteve a versão que mudou de opinião sobre o pênalti após ouvir o quarto árbitro e explicou que a demora para anunciar a decisão se deu por causa do tumulto causado pelos jogadores dos dois times.
Já o diretor de arbitragem da FPF, Dionísio Roberto Domingos, que informou estar presente em campo na final como tutor da arbitragem, admitiu que estava com um aparelho eletrônico, mas garantiu que o manteve sempre no bolso.
“Tinha sim, no meu bolso. Nenhuma (interferência externa), já é nossa orientação se, caso portar (um aparelho), manter desligado”, disse.
Dionísio é acusado pelo Palmeiras de ser o responsável por ter contato com informações de fora do estádio e ter feito elas chegaram ao árbitro. Ele negou tudo mais de uma vez. Também disse não ver conflito de interesses em ter se escalado como tutor da arbitragem.
Os demais ouvidos também foram coerentes e voltaram a negar qualquer interferência externa. A saber, falaram Agnaldo Vieira, delegado da partida, Anderson José de Moraes Coelho, assistente 1, Daniel Ziolli, assistente 2, Alberto Poletto, 5° árbitro, Adriano de Assis Miranda, 4° árbitro, Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, árbitro, e Dionísio, diretor arbitragem, respectivamente.
Colhido os depoimentos nesta terça-feira, agora o auditor do TJD esperará até quinta-feira, 12h, pela apresentação de novos vídeos tanto de Palmeiras como FPF. Depois formulará um relatório, que pode ser apresentado na próxima segunda-feira.
O relatório será submetido a procuradora Priscila Carneiro de Oliveira e ao presidente do TJD, Antônio Olim, que podem acatar a denúncia e marcar o julgamento ou decidir pelo encerramento do caso. Qualquer decisão caberá recurso.
FONTE: ESPN
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