Grupo de conselheiros pede a sócios para vetarem aumento de mandato

Maurício Galiotte
Divulgação
Um grupo de conselheiros do Palmeiras pede para que os sócios do clube não ratifiquem a mudança do estatuto que aumenta o mandato presidencial de dois para três anos. Em uma nota divulgada à imprensa, eles pontuam críticas ao processo eleitoral, que se encerrou na segunda, com a aprovação no Conselho Deliberativo.

Segundo o texto, assinado pelo movimento "Palmeiras Responsável", esta votação favorece a atual diretoria e gerou um "histórico racha político" no clube.

A publicação não cita nomes, mas este grupo criticou a mudança neste momento por dar vantagem a Leila Pereira. Isto porque o caminho dela para a presidência agora foi encurtado. A patrocinadora e conselheira recusa a versão e considera "conversa fiada" dizer que foi a maior beneficiada.

Com o mandato de dois anos, haveria eleições no fim deste ano e no fim de 2020, quando ela ainda não poderá se candidatar por não ter um mandato completo como conselheira. Com três anos, haverá eleições no fim deste ano e no fim de 2021, quando a empresária já estará elegível.

O texto refuta a visão de que esta é uma briga apenas entre Leila Pereira e Mustafá Contursi. O manifesto se afasta do ex-presidente e pontua que o problema é "a apropriação do Palmeiras".

Caso Maurício Galiotte seja reeleito, seu próximo mandato também será de três anos. Como toda mudança de estatuto, mesmo após a aprovação do CD é preciso que os sócios também votem, em assembleia. Para aprovar a medida, basta ter a maioria simples neste pleito; para recusar, é preciso de dois terços dos votos. Ainda não há data para esta votação.

Veja a nota completa: 
O Conselho Deliberativo do Palmeiras esteve reunido na última segunda-feira, 21 de maio, discutindo alterações estatutárias relevantes para o futuro do clube, especialmente a que altera o tempo de mandato para presidência executiva, medida que já valeria para a eleição que ocorre em outubro deste ano. Antes mesmo do início da votação já era nítido que a noite teria um grande perdedor: a Sociedade Esportiva Palmeiras.

Como pudemos destacar em notas anteriores, o Movimento Palmeiras Responsável reforça seu posicionamento contrário à esta alteração que beneficia diretamente a atual gestão e criou um racha no clube. Ainda há tempo de barrá-lo: a matéria terá que ser aprovada em Assembleia Geral dos sócios nas próximas semanas, com maioria simples de votos. Para auxiliar na leitura mais ampla dos acontecimentos, um breve resumo de como tudo transcorreu:

- A SEP possui 280 conselheiros, dos quais 224 compareceram à reunião. Para aprovação de qualquer alteração é necessário que a maioria absoluta esteja a favor, neste caso, 141 votos;

- O não comparecimento significava votar contrariamente à alteração. Houve enorme pressão da gestão para que todos estivessem presentes, inclusive com conselheiros solicitando licenças temporárias para que o suplente pudesse votar a favor;

- Outros tantos conselheiros, por conta do clima de tensão e divisão estabelecidos, optaram deliberadamente por não ir à reunião. Mais de 50 pessoas se ausentaram nessas circunstâncias;

- Pelo contexto, podemos seguramente afirmar que aproximadamente 135 conselheiros foram contrários à alteração; 

- Apesar de todo poderio político e financeiro empregado, a alteração foi aprovada com apenas dois votos de margem;

- Registre-se, portanto, que existiam diversas correntes ideológicas contrárias à alteração. Reduzir a oposição a um ex-presidente é tentar iludir a opinião pública, ocultando o problema real: a apropriação do Palmeiras; 

- O argumento de que a votação não seria casuística foi por água abaixo quando a maioria dos optantes pelo 3+3 votou contrariamente à emenda que previa sua aplicação apenas para a eleição de 2020, provando que os interesses impulsionando a mudança são eminentemente de perpetuação no poder; 

- Tanto é assim que uma alteração inicialmente vista com bons olhos e contando com grande apoio do conselho tornou-se pivô de um histórico racha no clube, essencialmente pela forma como foi conduzida a questão;

- Finalmente, caso venha a ser reeleito, o presidente atual não enfrentaria problemas de adaptação nem teria que se preocupar com outra reeleição. O aumento do tempo de mandato não se justifica nem sob essa hipótese;

- A suposta modernidade alardeada não foi vista, também, na votação que rejeitou a redução do número de conselheiros vitalícios, matéria que não contou com apoio da gestão;

- A atual diretoria executiva extrapolou os limites no convencimento aos conselheiros indecisos. Respeitamos e compreendemos o jogo político, mas um olhar mais atento evidencia que os instrumentos utilizados foram muito além do debate. 

Reforçamos nosso entendimento de que os interesses do Palmeiras foram colocados em segundo plano por quem está no poder. Prova disso é conferir como votou o atual mandatário, legislando em causa própria. Isso não é saudável nem contribui para a pacificação do clube.

À toda coletividade palmeirense clamamos atenção e serenidade na avaliação do que aconteceu. Aos sócios em especial, convidamos para uma profunda reflexão antes da votação em Assembleia Geral e que se mobilizem na campanha pelo NÃO. 

Movimento Palmeiras Responsável
“Acima de tudo, só o Palmeiras”

FONTE: LANCE
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