Há 45 anos, Palmeiras estreou 2ª Academia em temporada impecável


Eurico, Leão, Dudu, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Edu, Leivinha, César, Ademir e Nei marcaram época (Foto: Acervo/Gazeta Press)

Todo clube que se preze precisa de uma escalação inesquecível, daquelas que o torcedor pode recitar, orgulhosamente, do goleiro ao ponta esquerda. O palmeirense ganhou a sua na impecável temporada de 1972, marcada pelo nascimento da Segunda Academia.

Em preparação para o Campeonato Paulista, o Palmeiras viajou para disputar o Torneio de Verão nas localidades de Montevidéu-URU e Mar del Plata-ARG. Durante a vitória por 2 a 0 sobre o Peñarol, no dia 3 de fevereiro de 1972, o zagueiro Polaco sentiu lesão e acabou substituído por Alfredo Mostarda no Estádio Centenário.

Há exatos 45 anos, os 11 integrantes da Segunda Academia estiveram juntos no gramado pela primeira vez, já que o time dirigido por Oswaldo Brandão terminou com Leão; Eurico, Luís Pereira, Polaco (Alfredo) e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei.

O jornalista Carboni Filho foi o enviado especial do jornal A Gazeta Esportiva para o Torneio de Verão. Coincidentemente, os artistas brasileiros Francisco Egídio, Wilson Miranda, Antônio Marcos e a esposa Vanusa, no Uruguai para um festival, estavam hospedados no mesmo hotel da delegação palmeirense e viram o jogo contra o Peñarol.

“A perda de gols por parte do ataque do Palmeiras não deu ao placar do Estádio Centenário a dimensão exata da supremacia dos comandados de Oswaldo Brandão na estreia do Torneio de Verão”, relatou o enviado especial do diário. “De qualquer forma, o Palmeiras venceu e convenceu”, opinou.

O jogo seguinte seria contra o Boca Juniors, em Mar del Plata. Polaco, com uma lesão grave, precisou retornar ao Brasil para realizar tratamento. Leivinha, Eurico e Luís Pereira sofreram pancadas diante do Peñarol, mas fizeram tratamento com toalhas quentes e puderam participar do confronto com os argentinos.

César Maluco e Leivinha marcaram os gols no histórico jogo contra o Peñarol em 1972 (Foto: Acervo/Gazeta Press)

No dia 5 de fevereiro de 1972, foram titulares de forma inédita Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei. Durante a partida contra o Boca Juniors, encerrada com placar de 1 a 1, Madurga substituiu Ademir da Guia e Pio entrou no lugar de Nei.

A Gazeta Esportiva classificou o encontro como “uma grande partida de futebol” e atribuiu nota máxima ao zagueiro Luís Pereira, elogiado também pela imprensa argentina. “O melhor homem em todos os sentidos. Marcou e cobriu com uma precisão tremenda, além de ajudar bastante no ataque”, descreveu o jornal.

Na edição de 8 de fevereiro do diário, Ademir da Guia deu suas impressões sobre a equipe, ainda em formação. “O Brandão impôs coisas diferentes das que existiam. Cada técnico tem seu sistema. O time está em um período de reajuste e acho que vai se armar muito bem”, previu.

Ademir da Guia estava divinamente correto. César Maluco, punido pelo Tribunal de Justiça de Desportiva (TJD), foi obrigado a retornar ao Brasil durante o torneio. Com Fedato como titular, o Palmeiras garantiu o título do Torneio de Verão ao empatar por 1 a 1 com o San Lorenzo.

Na volta ao Brasil, a delegação foi recebida com entusiasmo. “Milhares de torcedores apareceram em Congonhas. Bandeiras, a bandinha não parando de tocar, e cada jogador sendo festejado quando chegava ao saguão. Até um corso foi realizado com carros de bombeiros para levar os atletas em desfile”, descreveu A Gazeta Esportiva.

O técnico Oswaldo Brandão, responsável por conceber a Segunda Academia, substituiu Mário Travaglini em novembro de 1971. Após o título do Torneio de Verão 1972, ainda durante a pré-temporada, o treinador manifestou confiança no desempenho dos pupilos.


Torcida recebeu time no aeroporto em 1972

“Essa será a equipe para os torneios em nossa capital e fora dela. Apenas mais alguns pequenos ajustes são necessários”, anunciou o técnico, exigente. “A linha de frente, na preocupação constante de marcar gols, às vezes perde o ritmo”, observou Brandão.

Em uma temporada quase perfeita, além do Torneio de Verão, o Palmeiras conquistou o Torneio Laudo Natel, o Campeonato Paulista (invicto) e o Campeonato Brasileiro, além da Taça dos Invictos, oferecida pelo jornal A Gazeta Esportiva. Com uma campanha de 49 vitórias e 26 empates, o time sofreu apenas cinco derrotas em 1972.

Nas temporadas seguintes, o time formado durante o Torneio de Verão se provou merecedor da comparação com a Primeira Academia, lembrada por representar a Seleção em 1965, já com Dudu e Ademir da Guia. Embalado, o Palmeiras ganhou o Brasileiro 1973, o Paulista 1974 e o Ramón de Carranza 1974.

Seis jogadores do time alviverde foram convocados pelo técnico Zagallo para a Copa do Mundo da Alemanha 1974. Com Leão, Luís Pereira, Alfredo Mostarda, Ademir da Guia, Leivinha e César Maluco no elenco, a Seleção Brasileira, superada pela Holanda, perdeu a decisão do terceiro lugar diante da Polônia.

Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei ficaram juntos de 1972 a 1974, mas foram titulares em apenas 18 partidas pelo Palmeiras. Com oito vitórias e 10 empates, a Segunda Academia jamais saiu de campo derrotada.

Ademir da Guia (902 jogos), Emerson Leão (620) e Dudu (611) são os três jogadores que mais atuaram pelo Palmeiras – os dois de linha foram homenageados com bustos na sede. Alguns ídolos ainda participam do time de masters e costumam se reunir no Jantar dos Veteranos, promovido anualmente pelo clube no mês de setembro.

Fonte: Gazeta Esportiva
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