Com físico em dia, Prass vê evolução no Palmeiras: "Montou uma base"


Prass diz que Palmeiras tem base montada para 2016 (Foto: Reprodução SporTV)

Com 25 anos de carreira, Fernando Prass chegou ao Palmeiras em 2013 e, em pouco mais de três anos, conseguiu fazer história no clube. Aos 37 anos e com contrato assinado até 2017, o goleiro comentou o momento positivo que vive no clube em entrevista ao “Tá na Área”. Além de falar sobre a relação com os jovens do elenco alviverde, a sua posição como ídolo do clube e os planos para o futuro, o arqueiro revelou que se sente em ótimo condicionamento físico e garantiu que a equipe comandada por Marcelo Oliveira está mais estruturada para 2016. 
- Não é fórmula matemática e nem receita de bolo, mas o ideal é que se tenha isso, uma mescla de juventude com experiência, de jogadores que tenham um toque de bola cadenciado com jogadores que tenham velocidade. É uma mescla que tem que ter. O Palmeiras está conseguindo se formar, até porque montou uma base, ele teve uma base do ano passado, o que não aconteceu de 2014 para 2015, que foi uma mudança muito grande. E agora a gente está conseguindo fazer um trabalho que é considerado normal, que é detectar carências no grupo e fazer contratações pontuais, diferente do que foi o ano passado, que a gente contratou praticamente todo mundo, ficou pouquíssima gente de 2014 - disse.
Prass foi um dos destaques da conquista da Série B do Campeonato Brasileiro em sua primeira temporada, mas acabou vivendo um ano difícil em 2014, com chance de um novo rebaixamento após ter subido à elite – o time ficou em 16º lugar na tabela do Brasileirão. O goleiro, no entanto, se consagrou em 2015: foi eleito o melhor da posição no Campeonato Paulista daquele ano, quando o Alviverde foi vice-campeão, e ainda acertou a cobrança de pênalti que deu ao Verdão o título da Copa do Brasil.  
O Palmeiras estreia no Campeonato Paulista neste domingo, diante do Botafogo-SP, no estádio Santa Cruz, às 19h30 (de Brasília). Vice-campeão no ano passado, o Alviverde integra o Grupo B da competição.  
Confira a entrevista abaixo 
O Palmeiras teve grandes goleiros como Oberdan Catani, Waldir de Moraes, Emerson Leão, São Marcos. Você acha que já pode se ver nesta lista? 
Fernando Prass: Acho que não (dá para me considerar um elemento dessa lista), é difícil. Os nomes que você disse aí não são nem grandes jogadores, são lendas do futebol e aqui do Palmeiras. Dificilmente um goleiro em atividade vai poder entrar numa lista dessa, depois que parar aí a história e o lastro que ele deixou no futebol pode falar por si. Por enquanto é muito difícil. 
Os jovens do elenco Alviverde, como Gabriel Jesus e Lucas Taylor, têm se destacado. Como é a relação com eles? 
F.P: Minha relação é normal (com os mais jovens). Claro que pela minha experiência, pelo tempo de carreira e pela idade a gente viveu mais coisas, então a gente tem mais situações para passar, que já vivemos, que já aconteceu com a gente. Se a gente puder ajudar para o menino não precisar passar pelos mesmos problemas que a gente teve, maravilha. Mas também tem uma coisa, ele vai ter que tropeçar, vai ter que ter as cicatrizes dele, faz parte do crescimento. Mas acho que é importante ter um jogador experiente, como tive quando era mais novo. 
 "Aquele lance final deu batendo pênalti, correndo, Dudu, Robinho e Victor Hugo vindo me abraçar, é uma coisa que vai ficar com certeza marcada na minha memória para sempre"
 O Palmeiras disputou um quadrangular amistoso no Uruguai ao lado de equipes como Nacional, Libertad-PAR e Peñarol, além de encarar o River Plate-URU em jogo amistoso também. Como foi a experiência?
- Eu gostei. Claro que, entre aspas, é arriscado porque pega times de qualidade muito elevada, rivais de Libertadores. Os três times que estavam lá acostumados a jogar a Libertadores, Nacional, Peñarol e Libertad, e o River do Uruguai que está na pré-Libertadores. Então são times complicados, principalmente os uruguaios estavam com a preparação um pouco mais avançada que a nossa, tiveram uma parada menor no fim do ano. Mas acho que serve porque o nível de exigência é muito grande, então você tem que responder de uma maneira maior. 
A sua chegada no clube, em 2013, foi marcada por protesto da torcida e até xícaras sendo arremessadas contra os jogadores. Você guarda mágoa daquele momento?
F.P: Mágoa não. Mexe um pouco com a gente porque você está chegando num clube e passa por uma situação dessa logo com dois meses é complicado. É um cartão de visitas difícil. Mas coisas ruins e coisas boas acontecem. Claro que você não esquece as coisas ruins, mas você guarda num cantinho da memória e eu prefiro encher minha memória e as imagens que tenho de cenas boas. Hoje na memória tenho muito mais cenas boas, como aquela da final da Copa do Brasil, como qualquer outra coisa. 
A imagem da final da Copa do Brasil contra o Santos, em que você converteu a cobrança de pênalti que deu o título ao Palmeiras, não sai da memória?
F.P: Aquele lance final deu batendo pênalti, correndo, Dudu, Robinho e Victor Hugo vindo me abraçar, é uma coisa que vai ficar com certeza marcada na minha memória para sempre. Impossível esquecer o que aconteceu ali, e isso serve de motivação para quando a gente pisar de novo no Allianz vir toda essa recordação positiva e a gente tentar visualizar coisas melhores como essa no fim das competições que vamos ter esse ano.
Fernando Prass bate pênalti (Foto: Marcos Ribolli)Fernando Prass bate pênalti que deu título da Copa do Brasil ao Verdão (Foto: Marcos Ribolli)
Aos 37 anos, você se considera no auge do seu condicionamento físico?
F.P: É uma das perguntas que, particularmente, mais gosto de ouvir. Estou numa condição física e técnica muito boa. Não sei se é a melhor fase ou não, mas me sinto muito bem. Em termos físicos, principalmente, não devo nada para a minha juventude, quanto estava com 26, 27, 28 anos. Me perguntam de seleção... óbvio que pela idade é quase impossível de chegar, mas se tiver jogando com 44 anos no Palmeiras, que é um clube grande, e eu for titular, tenho condição de sonhar com a seleção. Se vou chegar ou não é outra coisa. Mas até como motivação para o trabalho tu tem que pensar grande. E quando você tem uma certa idade, obvio que o final da carreira fica mais perto, portanto você começa a valorizar mais coisas. Qualquer simples jogo, qualquer simples treino, tem um sabor especial. Não tenho prioridade de Libertadores, Mundial, Campeonato Paulista, ou torneio no Uruguai, tudo que puder vencer vou entrar pra vencer. 
Aposentadoria. Talvez pare no Palmeiras mesmo?
F.P: Sinceramente, dentro de uma normalidade, ainda vou levar um tempinho para me aposentar. A gente não sabe como é no futebol. Ainda tenho dois anos de contrato no Palmeiras, esse e mais um. Mas pelo que sinto de mim, do meu corpo, da minha cabeça, principalmente (..), estou muito bem. E os meus planos hoje não é encerrar a carreira depois de cumprir esses dois anos. Pretendo jogar mais tempo
Você já sabe lá na frente o que fazer?
F.P: Ainda não sei. Hoje se perguntar para mim, com 25 anos no futebol, óbvio que vou levar para esse lado, treinador de goleiro, diretor, empresário, técnico, algo ligado ao futebol, porque meu mundo é esse. Mas depois que parar pretendo tirar uns dois anos de folga do futebol e conhecer outras realidades, de repente morar fora do país, estudar uma coisa totalmente diferente do futebol, e daí, experimentando os dois lados, vou ter noção para escolher. Se você só conhece um lado, como vai saber se é o bom ou o ruim (..). Não planejo muito, mas o que planejo é isso. 
Pai de um casal, já sabe qual time os filhos escolheram para torcer?
F.P: Hoje eles são palmeirenses, não tem como. Eles vieram para cá com quatro anos. Passaram tudo que passei aqui, não tem como. Eles têm uma relação muito forte. Meu filho adora futebol, e adora o Palmeiras. Ele nessa reta final de Campeonato Brasileiro ele sabia mais do que eu de tabela, saldo de gols, número de vitórias, critérios de desempate, tudo ele sabia, regulamento da Copa do Brasil, então eles também vivem esse dia-a-dia a dia do futebol e do Palmeiras. 
Quem é o ídolo deles?
F.P: Acho que sou eu, por enquanto.
Postagem Anterior Próxima Postagem